SOMMELIER, VITICULTOR e ENÓLOGO
Viticultor, enólogo e sommelier. Três categorias de profissionais que são fundamentais no mundo dos vinhos e que acumulam um vasto conhecimento sobre o setor. Mas você sabe quais são as funções de cada um deles?
Neste artigo, vamos apresentar as diferenças entre um e outro. O mais importante é você entender como o sommelier, o enólogo e o viticultor contribuem para que a sua experiência com vinhos seja a melhor possível. Confira o texto a seguir!
Viticultor
A protagonista no mundo dos vinhos é a uva. Não podemos parar para pensar em uma uva sem a videira, sem os vinhedos e sem um viticultor.
Ele é um profissional super importante nos vinhedos. As melhores uvas são selecionadas, para gerar bons vinhos. E o viticultor cumpre um papel fundamental, pois para o produto final ser de alta qualidade, é preciso ter conhecimento de uma série de fatores.
O vinho é o terroir, ou seja, todas as condições que o ambiente proporciona para a sua produção, principalmente o clima e toda a paisagem onde se cultiva a uva. Quem tem o conhecimento disso é o viticultor, o profissional que mexe na terra.
Existem vários tipos de terroir em todo o mundo e cada viticultor sabe qual é o mais apropriado para uma determinada videira.
Na Europa, os dias são mais quentes e as noites são mais frias, o que é um terroir perfeito para as videiras. Neste caso, o papel do viticultor é saber quais são as práticas mais adequadas para que a plantação tenha mais sol durante o dia e evite o vento e a friagem durante a noite.
Os melhores vinhos da França, por exemplo, são feitos com uvas colhidas em colinas voltadas para o sol. Além disso, existem também terrenos muito complicados de se plantar. O papel do viticultor é saber como será a plantação daquela uva e o manejo adequado da videira
A umidade que temos no Brasil, por exemplo. Quantas podas que o viticultor tem que programar para sair bons frutos de uma videira. É por aí que vocês têm que entender a importância do viticultor.
Enólogo
O viticultor não trabalha sozinho. Ele trabalha em conjunto com o enólogo.
Ele é um mago, um alquimista do vinho. É o profissional que elabora, depois de pensar em várias fórmulas químicas, em como vai sair aquele vinho.
Em nosso vídeo sobre produção de vinhos, você pôde perceber que o enólogo é o primeiro a analisar se uva está no tempo e na acidez certos para ser colhida e transformada em vinho. É aí que a mágica começa.
O papel do enólogo durante a colheita é refletir como aquela quantidade de uva será utilizada. Isso porque existem vinhos que são feitos para serem tomados imediatamente e outros que são apropriados para serem guardados.
Além disso, o perfil do vinho muda socialmente dependendo do que o enólogo faz. É ele que vai determinar o tempo em que o vinho (o mosto, no caso) vai ficar em um tonel de aço inoxidável, ou na barriga de madeira.
Existem vinhos que ficam em depósitos ou ovos de cimento, que a gente também costuma falar. Outros ficam em ânforas de pastas e têm aqueles que simplesmente ficam em garrafas, podendo serem armazenadas por anos numa garrafa, como é o caso por exemplo de alguns vinhos do Porto e vários pelo mundo afora.
O enólogo é muito importante para o mundo dos vinhos, sendo que existem aqueles profissionais muito famosos que influenciam consumidores em todo o mundo. Eu, por exemplo, adoro o espanhol Raül Bobet com quem já fiz um vídeo. Além deles, têm muitos outros, como Álvaro Palácios, Raúl Perez, Sara Perez e René Barbier.
Sommelier
Tem alguns enólogos que foram os meus professores, como a Núria Remón, por exemplo. Certo dia, ela chegou na sala de aula com uma garrafa de vinho que ela disse ter experimentado e gostaria que a gente provasse.
Núria deu para cada um dos alunos um Cava Rosado, que ela fez na Geórgia, na Cordilheira do Cáucaso, a região onde tudo começou no mundo dos vinhos. A primeira coisa que percebemos foi que o gosto daquela bebida remetia à imagem do “filtro da vovó” que, quando você bebe água, dá aquela sensação de barro na boca.
Começamos a questionar “Núria, o vinho tinha uma certa adstringência, um gosto de barro, o que é isso?”. Ela respondeu: “realmente, isso é o que eu quero que vocês percebam”.
Por que conto essa história? Ela queria que nós soubéssemos identificar o que ela fez com aquele vinho e o motivo é bem simples. Quem irá passar as informações para você, consumidor, somos nós, os sommeliers.
A função do sommelier é fazer a tradução da parte da viticultura, do terroir, da onde veio aquele vinho para você. Como ele foi elaborado? Por onde que ele passou? Quanto tempo que ele ficou em guarda? O que passou na cabeça do enólogo e o que ele queria fazer a gente perceber naquele vinho?
Além disso, o sommelier possui outras funções. Uma delas, por exemplo, é explicar sobre o rótulo do vinho. O mundo dos vinhos é gigantesco e o papel desse profissional é trazer a informação mais fácil para você poder identificar aquele vinho que você vai tomar.
Na Europa, é muito comum você ver os rótulos dos vinhos pela região. A gente já tem que saber qual é o tipo de uva que é plantada e qual o perfil do vinho que é feito naquela localidade. Em outros continentes, o rótulo contém o tipo de uva, o que facilita um pouco na minha opinião.
O importante é entender que tipo de cultura o sommelier está lidando. Desta forma, esse profissional vai saber qual é a melhor informação que irá transmitir.
Contar histórias como as que são contadas aqui é uma parte super legal da profissão de sommelier. Em nosso vídeo com o professor Franklin e a gente falou sobre a história dos vinhos brasileiros.
Outra função do sommelier é relacionada à harmonização. É dever desse profissional conhecer as regras e dar dicas aos consumidores sobre a melhor maneira de se consumir um vinho.
O sommelier pode fazer harmonizações que podem surpreender os consumidores. Por exemplo: tem alguma regra para o consumo de vinho branco ou existem receitas que fogem ao padrão e são agradáveis?
Além disso, existem vários tipos de harmonização. A regional, por exemplo, unifica pratos e vinhos típicos de um país. Um vinho do Porto combina muito bem com bacalhau, receita típica dos portugueses. A harmonização por contraste testa elementos distintos, como um vinho doce com queijo gorgonzola.
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