Entrevista com Luis Pato
O mundo dos vinhos é sempre surpreendente, pois ele é baseado em histórias. Histórias que envolvem uvas, vinhos, terras, climas e, principalmente, pessoas. E é com uma pessoa super especial que conversamos hoje.
Engenheiro químico, enólogo e empresário, Luis Pato fez a Baga, uma variedade portuguesa, se tornar a estrela dos seus vinhos. Podemos dizer que todo o mundo fala sobre ele e sobre os vinhos da Bairrada, mas como tudo começou? Fique sabendo agora!
Quem é Luis Pato?
Vamos começar do início mesmo! Afinal, história é o que não falta nesta trajetória. Luis Pato nasceu agricultor, como seus pais e toda a família antes dele (como ele diz, desde os bisavós ou trisavós), desde o século 18.
Luis é engenheiro químico por formação e, acredite se quiser, foi justamente a formação que o fez tentar fazer os vinhos de forma mais natural possível. “Tive um problema com meu pai, porque por conta da minha formação, ele esperava que eu mudasse muito os vinhos. Mas, curiosamente, decidi fazê-los com muito menos química do que os vinhos que ele fazia”.
A Baga já era a uva de escolha para os vinhos elaborados na propriedade e, com a morte do pai, Luis assumiu os negócios da família e variedade se tornou de vez a embaixadora do local. Presente há mais de 400 anos na Bairrada, e ele tem uma teoria sobre o porquê terem se adaptado tão bem.
BAGA, NEBIOOLO , PINOT NOIR, XINOMAVO na Grécia e talvez um pouco do Syrah do norte do Côte du Rhône, do Ródano, tiveram a mesma origem, há três mil anos. Conforme mudavam de ambiente, tomavam características próprias da localidade.
“São a espécie certa porque resistiram ao tempo, e principalmente às pessoas, que talvez sejam o agente mais prejudicial”, brinca. Para ele, as uvas certas para o cultivo são as que já são naturais da região, pois são as melhores adaptadas.
O enólogo
Luis Pato diz que não é um enólogo, mas sim um enólogo aprendiz. Mesmo que este ano comemore os 40 anos do primeiro vinho produzido por ele na propriedade, ele diz que aprender é o que realmente o motiva.
No começo, a produção era quase que exclusivamente de vinhos tintos, os brancos até que saiam, mas eu pouca quantidade e qualidade ainda não o satisfazia, e é aí que entra ainda mais o seu lado aprendiz.
Segundo ele, todos os anos ele aprende por meio de experiências e que faz experiências justamente para nunca deixar de aprender. “Acho que quando me chamar de enólogo é porque não terei mais nada a aprender.” E isso vale para a técnica de produção de vinhos diferentes.
O empresário
Se tem uma coisa que Luis Pato tem, é faro para o novo e tino comercial. Desde o primeiro dia na vinícola já sabia o que queria fazer: Tornar a baga uma casta reconhecida internacionalmente. E para isto, estipulou o “prazo médio” de 20 anos.
Só que existe um pormenor neste caminho. A baga é um fruto que dá grandes duas grandes safras . Mas da observação, surgem as possibilidades. “Percebi uma coisa realmente fantástica, o motivo destas grandes safras é porque as uvas eram demasiadas para a produção de vinho tinto. Decidi então realizar uma poda verde”.
Com isso, em 1990, ele começou a fazer uma poda verde nas parreiras de BAGA. Retiravam uma parte dos cachos e deitavam no chão em final de Julho. A partir de 2001 começou a aproveitar esses primeiros cachos para fazer espumante, assim ele não perdia nada
A sacada foi genial: As Bagas podem estar verdes para fazer vinho tinto, mas maduras o suficiente para o espumante! Uma ideia simples e brilhante, não é mesmo? Pois como ele mesmo disse, no mundo nada se perde, tudo se transforma.
Em quatro semanas de diferença da mesma parreira, se fazem dois vinhos diferentes! O primeiro é ácido, leve, é ligeiro. Pode ser rosado ou pode ser branco. E três semanas depois, como só ficam três cachos por parreira, as uvas amadurecem melhor e mais rápido que as demais!
O que se tem é um bom espumante feito com as uvas mais verdes e um bom vinho tinto feito com as maduras, mas engana-se quem pensa que a qualidade dos tintos tem a ver com o açúcar! O segredo está na maior polimerização dos taninos, antecipa a química de maturação fenólica. Os taninos de agressivos passam a ser mais redondos, completos.
O reconhecimento
Agora chegamos ao momento que todos esperavam: O reconhecimento. Pois como dissemos, o mundo todo fala sobre os vinhos de Luis Pato, dos vinhos de Baga da Bairrada. Como este vinho português conquistou tantos corações?
Segundo ele, tudo tem a ver com seu plano de 20 anos! Para ser mais conhecido no mundo, ele começou a usar comentários dos líderes de opinião estrangeiros. “ Foi aí que Jancis Robinson nos conheceu e adorou o nosso estilo, europeu e clássico.”
E mais do que isso, a Baga marcou presença nas páginas dos livros escritos por Robinson, que são referência para quem quer conhecer sobre o mundo dos vinhos. Assim, os vinhos do Luis Pato começaram a ganhar o mundo!
Além disso, através de Jancis Robinson, os vinhos ganharam a referência de Robert Parker! E isso espalhou a novidade pelo mundo! Isso é que eu chamo de visão empreendedora, não é?
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