Porque nem todo amor precisa ser digitado. E nem toda conexão vem de um clique.
Confesso que nunca fui uma aficionada por contos de fadas — princesas nunca me representaram. Sempre estive mais para as aventureiras sem rumo, com excesso de trabalho nas costas, passagens compradas às pressas e a sede de viver algo diferente.
Mas quem cresceu nos anos 80 e 90 inevitavelmente tropeçou em histórias que nos fizeram acreditar em amores idealizados. Como bem escreveu Poppy Jamie, no livro Perfeição Não, Felicidade:
“A Disney me condicionou a pensar no amor de determinada forma e me deixou amargamente decepcionada com o que encontrei no mundo real.”
No meu caso, de princesa eu nada tinha. Estava mais para uma mulher exausta, buscando respiro e significado entre uma viagem e outra. E foi numa dessas escapadas, em Barcelona, que conheci meu atual marido. Uma noite fria, cheia de risos, “chopitos” e passos dançantes na Praça Real. Nos despedimos como quem não quer cortar o fio da conexão e trocamos perfis no Facebook — a rede social mais badalada do momento.
Durante mais de um ano, nos comunicamos quase todos os dias. Mesmo assim nos encontrando periodicamente, nos perdíamos entre mensagens, expectativas e cobranças. Me recordo, de uma festa com amigas onde me entreguei ao momento e esqueci o celular por horas. No dia seguinte, uma discussão típica da era digital: “Você nem me mandou uma mensagem.” Eu respondi: “Mas estou te ligando agora, não é isso o que importa?”
Ele também teve seus momentos de “não vi o celular”. E assim aos poucos fomos aprendendo, entre ruídos e ressentimentos, que amar alguém não é sinônimo de estar o tempo todo disponível.
E principalmente a comunicação sem pausa também cansa.
Ainda bem que decidimos dar um basta. Não no amor — mas na forma como o estávamos vivendo. Assim, apostamos tudo numa decisão corajosa: nos casar. Uma escolha que, como o vinho bem elaborado, precisava de tempo, presença e intenção para revelar seus melhores aromas.
Amor maduro, como vinho decantado
Hoje celebramos 9 anos de casamento. Gosto de dizer que um relacionamento de quase 10 anos é como um adolescente: já passou pelas dores do crescimento, mas ainda está descobrindo o mundo. Às vezes inquieto, outras vezes apaixonado por si mesmo, mas sempre em evolução.
Assim como a taça agitada demais não te revela, não te permite sentir os aromas mais sutis. É o tempo que revela. A pausa, a oxigenação, a entrega… assim como no vinho, no amor as nuances mais lindas vêm quando não temos pressa.
Já vivi o suficiente com meu marido para saber que não há milagre na longevidade de uma relação.
Há escolha diária, rituais e respeito ao silêncio do outro.
E, claro, há os momentos de reconexão — aqueles em que ele cozinha, eu escolho o vinho, e juntos harmonizamos sabores e sentimentos.
Aliás, se você também deseja criar esse tipo de momento a dois, te convido a baixar meu e-book sobre harmonização. Uma experiência simples que pode transformar uma noite comum em uma memória inesquecível.
A pergunta certa muda tudo
No capítulo “Seu Momento com o Vinho”, do meu livro O Despertar do Vinho, escrevo:
“Dê valor a esse momento com o vinho, pois não é o rótulo que vai transformar você em um provador, mas sim a atenção que você dá ao momento em que estiver desfrutando das suas sensações, assimilando aprendizado e compartilhando experiência.” (p. 89)
Essa reflexão vale também para o amor. Porque assim como você precisa se conhecer para ser um bom provador, precisa se conhecer para saber se o que vive é amor.
Para os solteiros (e os que ainda querem acreditar no amor)
Se você está solteiro(a), talvez se identifique mais com os conflitos dessa era hiperconectada. Aplicativos que entregam um cardápio de rostos, mas quase nenhuma conversa memorável. Excesso de mensagens e escassez de encontros reais.
Por isso, eu te digo: não é falta de mensagens que afasta duas pessoas. É a ausência de presença.
Se você busca um relacionamento de verdade, observe quem senta com você à mesa, quem te olha nos olhos entre um gole e outro, quem escuta o silêncio sem se sentir desconfortável.
E se hoje você está em busca de algo mais profundo — com amor, com o outro, com o vinho ou consigo mesmo — eu te convido a conhecer o programa O Código do Vinho, uma jornada que conecta sabor, sofisticação e autoconhecimento.
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Porque viver com intenção é o melhor brinde que podemos fazer à vida. E se for com uma taça na mão e um amor de verdade ao lado, melhor ainda.