“Na água, a saúde. No vinho, a verdade.”
A frase In vino veritas talvez seja a mais famosa do universo do vinho. Traduzida como “no vinho, a verdade”, ela atravessa séculos e culturas como um lembrete poético de que, sob o efeito do vinho, as verdades se soltam, as palavras se tornam mais sinceras e os sentimentos ganham espaço para aparecer.
Mas e se eu te dissesse que essa verdade não tem a ver com embriaguez, e sim com presença? Que o vinho revela não porque tira a consciência, mas porque a devolve ao corpo? Que beber bem é, antes de tudo, um ato de escuta profunda?
Verdade como presença: saber beber é saber escutar
No Capítulo 3 de O Despertar do Vinho, falo sobre o conceito de saber beber. E não estou falando de moderação apenas, mas de consciência. Saber beber é saber quando se está vivendo um ritual, não apenas um consumo. É estar inteiro na experiência.
“Saber beber é reconhecer quando se está em um ritual, e não apenas diante de um copo cheio. É beber com presença, não com urgência. É sentir antes de repetir.”
Nesse sentido, In vino veritas ganha um novo significado: a verdade não é o que se diz quando se perde o filtro, mas o que se sente quando se perde o medo de escutar.
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A verdade não vem da embriaguez, vem da clareza
O vinho não deve ser usado para apagar a consciência — mas para ampliá-la. No meu livro O Despertar do Vinho, deixo claro: a embriaguez não é o objetivo. Quando ela acontece, geralmente revela uma ausência de moderação e atenção.
“O etanol é um veneno para o organismo e, como profissionais, temos a obrigação de saber e informar sobre os malefícios do excesso no consumo.”
“A verdadeira sabedoria no consumo de álcool não reside na liberdade de beber sem limites, mas sim na arte da moderação.”
“Quando o consumo de álcool ultrapassa certos limites, ele pode levar a um comportamento menos reflexivo, grosseiro, beirando a irracionalidade.”
Esses trechos reforçam um ponto essencial: o vinho só revela o que temos coragem de sentir quando bebido com consciência, presença e equilíbrio.
Saber beber, nesse sentido, é um gesto de autocuidado. A embriaguez vazia não nos aproxima da verdade — nos afasta dela.
Um momento real: verdade e sobriedade em Portugal
Um dos vários momentos marcantes que vivi com o vinho foi em total sobriedade. Me recordo da minha volta a Portugal, quando visitei todas as regiões vinícolas do país enquanto escrevia O Despertar do Vinho. Minha cabeça borbulhava de ideias entre visitas enoturísticas, anotações e taças que eram mais observadas do que ingeridas.
Uma lembrança viva é a da Quinta da Gricha – assista o vídeo completo no Youtube –, no alto do Douro. Eu observava a pisa das uvas enquanto degustava os vinhos daquele terroir tão especial. Logo após uma conversa encantadora com uma das pessoas que pisavam as uvas — cena que inclusive compartilho no livro — fui tomada por uma clareza profunda: a verdade daquele vinho estava não só nos taninos, mas na terra sob meus pés, na tradição viva diante dos meus olhos, na sobriedade que me permitia pensar com nitidez.
Não foi a quantidade de taças (foram mais de 15 vinhos provados, e praticamente sem ingerir), mas a liberdade de estar ali, inteira, que me trouxe as verdades que logo virariam livro.
E não era sobre o vinho. Era sobre mim. Em presença plena com aquele momento.
O vinho como espelho
Vinhos complexos revelam suas camadas aos poucos. E o mesmo vale para a gente. Quando nos damos tempo para provar devagar, sem pressa de julgar, algo se abre. Uma memória. Uma percepção nova. Uma saudade.
Degustar, como digo no livro, é uma forma de escutar.
E muitas vezes, é nesse silêncio sensorial que mora a verdade que mais precisamos ouvir: a do nosso corpo, do nosso momento, da nossa essência.
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In vino veritas… e em você também
Que tal beber com mais presença? Gire a taça com intenção. Sinta com calma. Observe o que o vinho te diz — e o que ele desperta em você. Talvez a verdade que você busca não esteja escondida em nenhuma ficha técnica, mas no intervalo entre um gole e outro.
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Te espero no meu canal do YouTube com reflexões, dicas e experiências para você degustar com mais presença e propósito.