Cerveja ou Vinho? Você está Bebendo do jeito certo? Melissa Leite

Cerveja ou Vinho? Você está Bebendo do jeito certo?

O brasileiro ama cerveja. Isso é um fato. Mas, nos últimos anos, o vinho tem conquistado cada vez mais espaço nas mesas e celebrações. O problema? Muitas pessoas entram no mundo do vinho da forma errada e, frustradas, acabam desistindo antes de realmente entender o que essa bebida tem a oferecer.

Se você sabe escolher entre uma lager leve e refrescante para um dia quente e uma cerveja preta encorpada para um clima frio, por que ainda acha que todos os vinhos são iguais?

A verdade é que vinho, assim como cerveja, possui estilos diferentes, cada um com características únicas para cada ocasião. O problema é que muitos brasileiros, acostumados a cervejas leves e bem geladas, fazem sua primeira incursão no mundo dos vinhos escolhendo um tinto encorpado, super tânico e alcoólico. O resultado? Uma experiência desagradável que leva à falsa conclusão de que “vinho não é para mim”.

Mas e se você estivesse apenas escolhendo o vinho errado?

Índice:
O Corpo do vinho e o Corpo da cerveja: O que você precisa saber.
Corpo x Estrutura do Vinho: O que você precisa entender
Como escolher o Vinho certo para cada ocasião?
A minha analogia sobre o corpo do vinho – E como isso pode mudar sua perspectiva

Quer conhecer melhor os vinhos,  te convido a desenvolver suas potencialidades, sensações e inteligência. E assim saber o que está bebendo. CLIQUE AQUI.

O Corpo do Vinho e o Corpo da Cerveja: O que você precisa saber

Assim como no universo da cerveja, onde uma lager leve é bem diferente de uma stout escura e encorpada, o vinho também possui diferentes níveis de corpo e estrutura.

No universo do vinho, o que chamamos de corpo diz respeito à sensação de peso e densidade na boca. Ele pode ser leve, médio ou encorpado, e a escolha errada pode ser a razão pela qual tantas pessoas dizem “não gostei de vinho”.

Os vinhos mais encorpados normalmente têm:

  • ✔ Maior teor alcoólico;
  • ✔ Mais taninos (aquela sensação de secura na boca);
  • ✔ Maior concentração de sabor;
  • ✔ Mais tempo de envelhecimento em barrica.

Já os vinhos mais leves, que são uma melhor porta de entrada para novos apreciadores, possuem:

  • ✔ Menor teor alcoólico;
  • ✔ Menos taninos, sendo mais suaves ao paladar;
  • ✔ Maior frescor e acidez, lembrando frutas e leveza.

Agora, se você não começaria no mundo da cerveja bebendo uma Imperial Stout super alcoólica, por que iniciar sua experiência no vinho com um Cabernet Sauvignon encorpado e super tânico?

Corpo x Estrutura do Vinho: O que você precisa entender

A essa altura, você já entendeu que um vinho pode ter mais ou menos corpo, mas e a estrutura do vinho?

A estrutura do vinho está ligada ao equilíbrio entre seus componentes principais, que são:

  • Acidez – traz frescor e vivacidade ao vinho, equilibrando o dulçor e o álcool.
  • Taninoscompostos naturais da casca da uva, trazendo aquela sensação de secura e estrutura ao vinho.
  • Álcool – contribui para a sensação de peso e calor na boca.
  • Açúcar residual – quanto mais açúcar, maior a sensação de corpo e peso no paladar.
  • Método de produção – fermentação em barrica, por exemplo, pode trazer maior densidade e complexidade.

Um vinho bem estruturado equilibra todos esses elementos sem que um se sobressaia exageradamente sobre os outros.

Ou seja, enquanto o corpo do vinho se refere ao peso e densidade da bebida na boca, a estrutura diz respeito a como todos os seus elementos interagem para criar uma experiência harmoniosa.

Assim como na cerveja: uma lager pode ser leve, mas bem equilibrada, enquanto uma stout pode ser encorpada, mas, se for mal estruturada, parecerá pesada e enjoativa.

Você está Bebendo do jeito certo?

Como escolher o Vinho certo para cada ocasião?

Aqui está um erro clássico dos brasileiros: forçar um tinto encorpado em qualquer situação.

Se no churrasco de domingo você sempre escolhe uma cerveja gelada, por que tentaria harmonizar esse momento com um vinho super alcoólico que precisa de um prato mais robusto para fazer sentido?

  • Quer um vinho refrescante para um dia quente? Vá de branco leve, rosé ou espumante.
  • Prefere um vinho tinto, mas sem agressividade? Opte por um Pinot Noir, Gamay ou um Merlot jovem.
  • Vai acompanhar uma refeição mais estruturada? Aí sim, escolha um tinto encorpado com boa estrutura.

Beber vinho sem entender seu corpo e estrutura é como pedir uma feijoada no calor de 40°C na praia – pode até ser bom, mas será a escolha ideal para o momento?

Falando sobre harmonizações vou aproveitar e te indicar o e-book que fiz sobre Harmonização que é perfeito para você saber harmonizar.

A minha analogia sobre o corpo do vinho – E como isso pode mudar sua perspectiva

No meu livro O Despertar do Vinho, faço uma analogia interessante entre o corpo do vinho e a estrutura corporal de um atleta.

Sendo corredora há anos, sei que nem todos os corpos foram feitos para maratonas. Por um lado, alguns são ideais para caminhadas leves no parque; por outro, com muito treino e preparo, há quem consiga correr 42 km sem dificuldades.

O mesmo acontece com o vinho:

“O corpo deve estar preparado para o que se propõe: um vinho leve, como uma pessoa que faz passeios leves, precisa de menos estrutura; já um vinho encorpado foi preparado como um maratonista para uma prova de rua, foi feito para envelhecer e evoluir. Ambos têm o corpo preparado para ir mais longe.” (O Despertar do Vinho, resumo de ideia da p. 53)

Quando entendemos isso, percebemos que não existe “certo” ou “errado”, o mais importante é fazer a escolha ideal para cada ocasião e paladar.

Autenticidade no Paladar: Beber com critério, não por Status

O Brasil é um grande produtor de espumantes premiados internacionalmente, mas, por algum motivo, muita gente insiste que “vinho bom” é apenas tinto encorpado.

Se você já experimentou uma cerveja refrescante na beira da praia, por que não dar uma chance a um espumante brut gelado no mesmo contexto?

🔹 O problema é que seguimos o efeito manada, bebendo o que “parece mais sofisticado” em vez de descobrir o que realmente nos dá prazer.

O verdadeiro segredo para aproveitar o vinho é experimentar e encontrar o que faz sentido para você.

🚨 Que tal sair da zona de conforto e experimentar um vinho que realmente combina com seu gosto e com o momento? 🍷

Perguntas Frequentes:

 

Como identificar seu perfil de paladar para escolher o vinho ideal?


Para identificar seu perfil de paladar, basta pensar na forma como você já consome outras bebidas. Se prefere cervejas leves e refrescantes, um vinho branco, rosé ou espumante pode ser um ótimo começo, e se for para os tintos, a uva Pinot Noir pode ser uma ótima opção. Caso goste de cervejas mais encorpadas, pode se aventurar em tintos médios, como Merlot. Veja mais detalhes neste vídeo.

Quais vinhos combinam melhor com os pratos típicos brasileiros?


A harmonização do vinho com a comida segue o mesmo princípio que aplicamos à cerveja. Para pratos mais leves e frescos, como frutos do mar e saladas, vinhos brancos e espumantes são ideais. Para um churrasco, um vinho tinto com presença de taninos pode ajudar com a gordura da carne. Mas lembrando que não existem regras fixas, sendo importante você entender mais os elementos do prato e dos vinhos, para responder essa questão para cada um dos pratos que for provar, recomento que veja mais detalhes no e-book que mencionei acima. 

Por que o Brasil ainda subestima seus próprios vinhos e espumantes?


O Brasil produz espumantes premiados internacionalmente e vinhos de excelente qualidade, mas ainda persiste a ideia de que apenas vinhos importados são bons. Isso acontece, em parte, pelo efeito manada: muitas pessoas bebem o que parece mais sofisticado, sem realmente explorar as opções disponíveis. Considerando que as novas gerações estão bebendo menos, acredito que seja interessante para você ler o artigo que expliquei os detalhes e refletimos sobre a nova geração.

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